Adaptado do mangá de Nobuhiro Watsuki, Samurai X é simplesmente maravilhoso. Uma das melhores adaptações que vi nos últimos anos, o filme consegue não apenas captar a essência da história como, também, agradar a quem não conhece nem nunca ouviu falar em Kenshin Himura – o lendário Battousai.
O protagonista é um espadachim que foi um assassino a serviço dos monarquistas com o papel de executar pessoas chave no governo Tokugawa para que fosse possível realizar a restauração. Depois de inúmeras mortes, Battousai decide viver para espiar seus crimes e jura nunca mais matar outra vez, passando a brandir uma espada de lâmina invertida – a sakabatou. O problema de lutar sem matar é que os inimigos não estão nem aí para isso e vão para cima dele com tudo!
Para quem conhece o mangá, o filme é uma justa homenagem, com belíssimas cenas, todos os personagens favoritos e as frases que tornaram esta obra tão célebre. Para quem nunca leu o mangá, Samurai X é um excelente filme de ação e artes marciais, com coreografias belíssimas e uma história muito envolvente.
Se você é preguiçoso não tem tempo de ler os 56 volumes do mangá publicado no Brasil, como eu li, pode assistir o filme tranquilo.
A adaptação
[Daqui em diante, há spoillers moderados. Se você não conhece nada da história, vai lá no Netflix, assiste o Samurai X e depois volta aqui para ler o resto!]
Para encurtar a história e ganhar tempo, o filme junta várias das sagas iniciais do mangá em uma narrativa interligada – o Falso Battousai; o Chapéu Negro; Zanza; e, por fim, a saga do ópio, que acaba sendo a principal. Todos os personagens principais estão presentes: Sanosuke, Yahiko, Kaoru, Megumi; até mesmo o Saitou com seu magnífico gatotsu.
As frases mais famosas estão todas lá, como a preferência pela doce mentira da “espada pela vida” e o chamado do Saitou para que Himura volte a ser um retalhador. Além, claro, da épica sentença de morte de Jin-E: “Vou ficar assistindo do inferno até quando você vai ficar fingindo que é um andarilho”.
Vilões e referências
O maior vilão é o Kanryuu Takeda. O Jin-E Udou (que, no filme, não é chamado de “chapéu negro”, mas usa um) faz as vezes do “falso Battousai”, só que a serviço do Kanryuu. A técnica “Shin no ippou“, que paralisa os adversários pelo medo, aparece de modo primoroso, tal e qual no mangá. Este maravilhoso oponente é que fica a cargo da luta final do filme.
Outra parte legal foi o encontro de Kenshin com o Sanosuke, no restaurante Akabeko. A cena de luta com a Zanbatou é impagável. E o desfecho é o que tinha que ser.
A Oniwabanshu fica de fora do filme, mas várias referências são prestadas a ela na luta de Kenshin e Sano na mansão do Kanryuu. Primeiro, o brutamontes que luta com Sanosuke – que seria o Shikijou – é bem mais fracote, mas luta com ele pau a pau. O forte respeito e identificação que surge entre os dois no mangá é bem representado pela cena da cozinha, em que o “crista de galo” oferece comida e compartilha uma refeição com o seu oponente no meio da luta. O Hannya também é homenageado por um dos guarda-costas do Kanryuu, que usa uma máscara na luta contra o Kenshin.
Vários outros momentos marcantes são contemplados, como o epísódio da prisão por porte porte ilegal de espada, a tentativa de ocupação do dojo Kamiya, a luta contra os dezenas de espadachins e o reencontro com o Saitou (agora delegado de polícia). A “desculpa” que eles arrumam para o quimono vermelho é muito esperta. E até mesmo a cena da morte do Kyosato (noivo da Tomoe) foi incluída.
Interpretação
O ator Takeru Satô ficou muito bem no papel, conseguindo conciliar a ferocidade do espadachim e a “meiguice” (seria este mesmo o melhor adjetivo?) do andarilho de forma bastante verossímil. Sem falar na caracterização, que ficou massa. De todos os personagens, aliás.
Personagens
O filme começa como o mangá, com um flashback da última aparição de Hiokiri Battousai durante a batalha de Toba e Fushimi, 10 anos antes de quando se passa a história. Neste momento, o espectador fica sabendo que o protagonista foi um assassino da Restauração Meiji e, de quebra, ainda é apresentado a Hajime Saitou – então, capitão da terceira divisão do Shinsen Gumi.
Depois disso Kenshin, já um andarilho, perambula pelas ruas de Tóquio. Ele é apresentado a Kaoru da mesma forma como acontece no mangá: “confundido”pelo “falso Battousai” que vinha sujando o nome do estilo Kamiya Kashin. O Yahiko já é discípulo da Kaoru e a Megumi entra na história como todos sabem mesmo, fugindo do Kanryuu.
Enfim, é um filmasso. Muito melhor do que a série de animação (que, na minha opinião, tinha que ter terminado na saga de Kyoto…) e tão bom quanto os OVAs. Mesmo quem conhece a saga de cor e salteado vai se surpreender com a história. Eu mesmo saltei da cadeira umas três vezes enquanto assistia. Quem não conhece vai se emocionar com uma boa narrativa, personagens interessantes e lindas cenas de ação com espadas relusentes.
Onde assistir
Eu estava muito chateado por perder o Samurai X nos cinemas. Tendo estreado com sucesso no Japão em 2012, eu esperava que viesse parar aqui pelo menos até o fim de 2013, principalmente se levarmos em conta que o Brasil tem uma generosa quantidade de fãs do mangá. Talvez a Warner não quisesse misturar as coisas já que, por aqui, ela é conhecida como distribuidora dos Vingadores e de outras adaptações de HQs estadunidenses. Mangá talvez fosse um pouco demais para incluir nesse portfolio. Anyway… ainda vão rolar mais dois filmes (aparentemente, abordando a saga de Kyoto, com Shishio, Soujirou Seta e muito mais) e eu espero ver ambos na tela grande. Dá seu jeito aí, Warner!
Bom. Antes de baixar pirata mesmo me converter para o lado negro da força, vi que o filme estava disponível em HD no Netflix. Chorei lágrimas de sangue de tanta emoção! Vou ver e rever esse filme até enjoar.
Aaaahhhh, e outra coisa!
Finalmente o Vida de Quadrinhista voltou!
Depois de cerca de dois anos (!!) parado, reativo o blog graças a este longa em live-action baseado no mangá de Nobuhiro Watsuki que me tirou do marasmo. O layout (que layout?) do blog é provisório e eu ainda não sei se vou incluir novamente os posts antigos, mas eu precisava falar sobre esse filme então soltei o blog assim mesmo. O resto vem depois.
Se liga aí porque voltamos para ficar. Arigato!
Danilo Aroeira
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